quinta-feira, 16 de abril de 2015

Concurso Internacional de Coros de Calella - Barcelona - Espanha

Título do Evento: Canta al Mar 2014 - Festival Internacional de Coros
Entidade Organizadora:  INTERKULTUR- Alemanha

Ano: 2014

Componentes:
Sopranos: Elisa Bernardes, Giana Araujo, Letícia Gonçalves, Lina Santoro, Lívia Natividade
Contraltos: Ana Luisa Gouvêa, Erica Vilaça, Flávia Rodrigues, Márcia Godinho, Nina Fras
Tenores: Amilcar de Castro, Guilherme Campos, Gustavo Campos, Luciano Dyballa, Mário Sampaio

Baixos: Duda Guterres, Jerônimo Menezes, Ricardo Fraga, Roberto Fabri





Após o prêmio do concurso Ameride, decidimos que era hora de retornarmos aos palcos europeus, ao encontro dos concursos corais. O desafio era grande e exigia uma enorme logística operacional. 


Primeiramente tínhamos decidido aumentar o grupo: fato fundamental para a escolha e execução de um repertório mais elaborado. A jornada de Tolosa nos ensinou o quanto era fundamental a escolha do repertório. Teríamos de levar músicas que combinassem uma elevada complexidade técnica, um impacto interpretativo e, se possível, algo novo, fora do repertório mais tradicional.



Fomos lentamente aumentando nossas fileiras. Inicialmente entraram Elisa e Letícia, egressas do antigo Coro Infantil do Rio de Janeiro. Retornaram Nina e Amilcar, fundadores do Boca, e Luciano, que voltava a Niterói. Um pouco depois, chegaram Érica e Mário. Fechamos um grupo com uma grande afinidade musical e afetiva. 


O segundo desafio operacional era a escolha do concurso e a partir daí, a do repertório. Decidimos buscar um concurso da respeitada Fundação alemã INTERKULTUR, responsável por organizar alguns dos principais concursos corais mundiais. Em uma minuciosa pesquisa, vimos que o concurso de Calella era o mais concorrido nos últimos anos, apresentando uma grande diversidade de coros e nações, com um alto nível musical. 



Enviamos o nosso material e, pela primeira vez, um coro brasileiro foi aceito nesse disputado evento. Como desafio, escolhemos concorrer nas duas categorias de ponta do concurso: música erudita e música sacra.







O terceiro desafio era viabilizar economicamente nossa viagem à Espanha. Como o Boca Que Usa é um coro independente, tivemos de organizar saraus, caixinhas, rifas, concertos, feijoadas, etc ... visando minimizar os custos pessoais desse empreendimento.






Esse desafio não cumprimos totalmente, e, no fim, tivemos de bancar boa parte dos nosso custo com o nosso dinheiro mesmo. Fato notório e corriqueiro em um país onde a cultura é sempre colocada em último lugar nas listas de prioridade.








Definimos nosso repertório após longas ponderações e pesquisas intensas. Passamos imediatamente a trabalhar e apresentar as peças em concertos e encontros corais. Em setembro, no Festival internacional de Coro de Cabo Frio, apresentamos o repertório em ritmo de concurso. Ruy Capdeville e outros amigos previram premiação na Europa. Mas é claro que essa era, ainda, uma possibilidade muito distante 
para nós.








Uma vez mais a nau "Bocaleone" atravessava o Atlântico em busca dos concursos corais ... uma vez mais, o palco era a Espanha. Mais especificamente a Catalunha: Barcelona. 
Em Calella, uma bela e importante cidade litorânea, nos subúrbios de Barcelona, ocorria boa parte do evento e a hospedagem dos inúmeros coros. 




Ao chegarmos a Calella, assustamos com o número de participantes: cerca de 2500 cantores enchiam a pequena cidade de alegria e som. Calella respirava música coral. O concurso de Calella foi o mais concorrido concurso europeu em 2014. O evento reuniu o maior número de corais e nações concorrentes (64 coros de 28 países), de todos os continentes. 





No júri, importantes regentes internacionais como Mia Makaroff (Finlândia), Oscar Boada (Catalunha), Erland Dalen (Noruega) e Ralf Eisenbeis (Alemanha), dentre outros, corroboraram o elevado nível musical do concurso.







As competições sacras e eruditas seriam realizadas na histórica catedral de Santa Maria Del Pi, a primeira igreja gótica de Barcelona, localizada no igualmente histórico Bairro Gótico.
A categoria saca ocorreu à tarde. Iniciamos com uma peça da liturgia ortodoxa Russa, de Rachmaninoff  fato surpreendente e que nos rendeu elogios e contatos com muitos coros do Leste Europeu. 




Em seguida, a Catedral cantou com o Boca o emocionante Ave Verum de Imant Raminsh, selamos nossa performance com a bela e contemporânea Deus Qui Illuminas, interpretada de forma impactante. Durante nossas apresentações no concurso, o público aplaudiu o coro entre uma música e outra, quebrando o protocolo, e, ao término da apresentação sacra, fomos aplaudido de pé pelo público presente. Sensação inesquecível! 


No mesmo dia, à noite, nos apresentamos na categoria erudita. Tratamos de colocar em prática as lições aprendidas em Tolosa e permanecemos concentrados e poupando a voz até nosso retorno à catedral. Iniciamos com Monteverdi, atendendo regras do concurso, em uma levíssima e elogiada apresentação. Fizemos, em seguida, a complexa e dissonante Ondi Jueron. 





Seguimos com Irerê, de Marcos Leite, inspirada em Villa-lobos, onde as paisagens brasileiras de florestas, sertões e veredas foram perfeitamente transmutadas em som vocais. Fechamos de forma emocionante com Ofulú Lorerê, um canto afro-brasileiro rítmico que levantou uma vez mais a plateia e os jurados. A catedral entendeu e cantou conosco a rítmica afro-brasileira.





Fechamos nossa participação ganhando a medalha de ouro nas duas mais importantes e tradicionais categorias do evento (música sacra e música erudita) obtendo a maior pontuação do evento na categoria “música sacra”, ultrapassando importantes e tradicionais corais, de reconhecido renome internacional. 


Essa pontuação garantiu ao Boca que Usa entrada automática (sem pré-seleção) em qualquer concurso promovidos pela Interkultur até o ano de 2019 e nos qualificou para os The World Choirs Games de 2016 a ser realizado em Sochi, na Rússia e o de 2018 em país a ser definido.  





A performance musical competitiva, realizada na histórica catedral gótica de Santa Maria del Pi, em Barcelona,  proporcionou ao grupo elogiosas críticas na imprensa e nos meios musicais, rendendo ao Boca  inúmeros convites para concertos, concursos e festivais em diversos continentes.







Um dia após o concurso, ainda sem sabermos do resultado, participamos do importante concerto "music and Ligth", um concerto de gala apresentado na importante catedral de Santa Maria i Sant Nicolau, em  Calella, preparado pelo comitê organizador, no qual compartilhamos o palco com dois excepcionais e emblemáticos coros europeus o feminino Viva (Noruega) e Coro Vivaldi (Barcelona, regido por Oscar Boada).




Durante a entrega de prêmios, vivemos uma emoção única. A longa espera, até ouvirmos nosso nome e de nosso país no lugar mais alto da competição, foi torturante. Mas ouvir nosso nome como campeões, por duas vezes, valeu todos os nossos esforços ao longo desses anos de construção e aprendizado. 





Cada um, de sua forma, viveu a sensação de plenitude musical, objetivo alcançado, valorização solitária e coletiva do nosso trabalho. Pensamos também naqueles que nos apoiaram sempre e que não estavam ali para ver e sentir aquilo tudo. Os muitos cantores que ajudaram a construir essa história e que, por algum motivo também não estavam ali ... comemoramos muito lá e aqui. 

O Canta Al Mar mostrou que o canto coral brasileiro, se trabalhado seriamente, é forte, competitivo e criativo. Que isso sirva sempre de estímulos aos nosso excelentes coros.
Mas a nossa história não para aqui. 


Continuamos nossos sonhos e reiniciamos a todo vapor nossos trabalhos, já pensando nos futuros concursos. Concertos, caixinhas, cds, feijoadas, saraus ... rotina extensa para os empobrecidos coros amadores brasileiros, que se alimentam de sonhos e utopias.






 Para onde vamos na próxima viagem? Talvez Russia, Veneza, França ...?? Esse destino só o tempo e a "caixinha" vão poder dizer!




Concurso Internacional de Coros de São Lourenço - Minas Gerais - Brasil

Título do Evento: I Concurso Internacional de Coros AMERIDE - São Lourenço - Brasil

Entidade Organizadora:  Fundación AMERIDE - Venezuela

Ano: 2011


Componentes:

Sopranos: Giana Araujo, Lina Santoro, Lívia Natividade 

Contraltos: Ana Luisa Gouvêa, Flávia Rodrigues, Márcia Godinho

Tenores: Guilherme Campos, Gustavo Campos, Jerônimo Menezes

Baixos: Eduardo Fraga, Ricardo Fraga, Roberto Fabri







Após diversas experiências em outros países, finalmente poderíamos participar de um concurso coral internacional dentro do nosso próprio país. Fazia tempo que os grandes concursos nacionais não aconteciam mais. 




Foi preciso que a fundação venezuelana AMERIDE, com a experiência e a tradição do canto coral naquele país viesse aqui e organizasse um concurso nos moldes e no padrão internacional. 








De modo surpreendente para um primeiro concurso, tivemos a presença de ótimos coros de diversos e representativos países latino-americanos, incluindo Argentina, México, Uruguai, Venezuela, Colômbia ... 




São Lourenço já era palco tradicional de diversos festivais e cursos na área do canto e direção coral, e sua tradição atraiu muita gente boa ao concurso internacional.













No ano anterior, já tínhamos participado, como coro convidado, do Seminário de Regência coral, promovido pela mesma instituição, e nossa participação no concurso foi bem tranquila, já que, literalmente, nos sentíamos em casa ali. 





Apesar do afastamento temporário de alguns dos nossos cantores, fomos a São Lourenço com a espinha dorsal do  grupo que competiu em Trelew. Ganhamos o reforço de Duda e Giana, que não puderam ir à Patagônia dois anos antes, mas que já participavam ativamente dos demais eventos do grupo.









Cantamos com três componentes em cada naipe, e Jero compondo a naipe de tenores. Ousamos no repertório, onde algumas composições foram cantadas praticamente com cada componente sendo responsável por uma linha musical (uma voz). 


Com as experiências adquiridas anteriormente, cantamos na parte competitiva do concurso, como se estivéssemos nos apresentando em Niterói, para um público caseiro. 




O resultado foi a conquista da medalha de ouro e o nosso reencontro com prêmios internacionais, após abstinência de prêmios nos dois últimos concursos. 











Apesar do pequeno número de componentes, a parte musical foi precisa: afinação e execução sem erros, e uma forte qualidade interpretativa no repertório proposto.






A técnica vocal contínua, competentemente conduzida por Lina, proporcionou uma timbragem perfeita e um ótimo volume sonoro, apesar do pequeno tamanho do nosso coro. 










Dentre outras peças, fizemos uma antológica interpretação de Garota de Ipanema (Arr. de Clóvis Pereira), que levantou a platéia. 












Saímos do concurso com enorme satisfação de dever cumprido. Fizemos diversos concertos não competitivos por lá, com uma bela apresentação ao ar livre no "Teatro de bambu".



Também viajamos de Maria Fumaça com os outros grupos, curtimos muito a natureza e a beleza das montanhas mineiras, o parque das águas, a tradicional culinária do sul de Minas, e belíssimos dias ensolarados. 



Foi uma viagem para refazer as energias e reposicionar o Boca no caminho das vitórias em concursos internacionais.

terça-feira, 14 de abril de 2015

Concurso Internacional de coros Trelew - Patagônia - Argentina - Setembro de 2009

Título do Evento: IX Certamen Internacional de Coros de Trelew - Argentina

Entidade Organizadora:  Fundación CIC

Ano: 2007


Componentes:

Sopranos: Juliana Valle,  Lidiane Macedo, Lina Santoro, Lívia Natividade 

Contraltos: Ana Luisa Gouvêa, Flávia Rodrigues, Márcia Godinho

Tenores: Guilherme Campos, Gustavo Campos

Baixos: Jerônimo Menezes, Ricardo Fraga, Roberto Fabri








Após importante troca de integrantes, seguíamos, uma vez mais, a rota da Patagônia Argentina, rumo ao IX Festival de Trelew. 














Recebemos em nosso grupo os reforços de Jero Menezes, Lívia Natividade, Flavinha Rodrigues, Lidiane Macedo e Ju Valle. 














Viajamos com um grupo pequeno, mas de sólida formação musical, que vinha cantando junto há cerca de dois anos. 




Já havíamos viajado juntos em diversos festivais e encontros corais brasileiros, mas faltava ainda, a esse grupo, a experiências das competições internacionais. 














festival de Trelew tinha significado, há alguns anos antes, o início de nossa caminhada em concursos mundiais. 













Essa viagem, de certa forma, se não era um início, em si, seguramente era um recomeço. Para alguns um começo mesmo, um batismo nas águas turbulentas dos concursos corais.






Mas boa parte do grupo, já calejada com as experiências anteriores, tratou de criar nessa viagem uma expectativa de recomeço, sem grandes stresses e sem cobranças extremas. 











Voltar a Trelew, em uma condição psicológica completamente diferente daquela, no ano de 2003, foi uma bela experiência.












Preparamos um bom repertório, com força harmônica e interpretativa, e o coro se apresentava sem problemas significativos de afinação e interpretação. Optamos por uma regência coletiva, nas partes competitivas, o que nos tirou pontos preciosos. 









Fomos julgados por um juri internacional bastante tradicional, incluindo diversos maestros europeus, e foi nítido o impacto negativo que a regência coletiva causou aos nobres jurados.










Conhecíamos bem aquela sensação de estranheza e ameaça que os os jurados mais ortodoxos sentiam ao ver a regência cambiar entre os diversos cantores do Boca. 



Tal observação nos foi confidenciada depois por um dos avaliadores: "vocês foram maravilhosos, mas não se pode premiar um coro sem um diretor principal".





Ao contrário de La Plata, onde um juri de extrema sensibilidade musical e visão avançada da prática coral, premiou a proposta do Boca Que Usa, esbarramos na ortodoxia dos jurados de Trelew. Mas dessa vez isso não impediu que tivéssemos a plena consciência de termos cumprido um ótimo papel musical no concurso. 




Além disso, tivemos excelentes apresentações dos corais argentinos concorrentes.
Novamente, um grande aprendizado para esse novo grupo que ali se consolidava e que vislumbrava uma brilhante trajetória futura.






Após os compromissos formais, tivemos a oportunidade de conhecer (ou de rever) a imensurável beleza da fauna marinha patagônica. 



As baleias e seus shows acrobáticos em Puerto Pirâmides, a visita obrigatória aos pinguins de Magalhães na pingüinera de Punta Tombo, "Mira Los Guanacos !!!", Zorros, inhandus e as imensidões inóspitas das planícies patagônicas.












Reencontrar os velhos amigos (Garavano, Florência, Nathalia, Fernanda, etc...) que tão bem nos receberam em 2003, e que uma vez mais nos brindaram com a  enorme hospitalidade da Patagônia argentina, fez valer nossa escolha para essa viagem. 








Fizemos ótimos concertos não competitivos em diversas cidades de Chubut, incluindo a pequena cidade galesa de 28 de Julio onde experimentamos um inesquecível prato de carneiro na brasa, feito na fogueira, à moda patagônica. 








Seguramente retornaremos um dia a essa vasta e deslumbrante região.