terça-feira, 14 de abril de 2015

Concurso Internacional de coros de Tolosa - Espanha 2007

Título do Evento: 39 Certamen coral de Tolosa

Entidade Organizadora: FUNDACIÓN CIT - TOLOSA 
Ano: 2007

Componentes:
Sopranos: Julia Seles, Kristine Stenzel, Lina Santoro, Marina Cyrino, Silvia Gonzalez
Contraltos: Ana Luisa Gouvêa, Celina França,  Maira Martins, Márcia Godinho
Tenores: Augusto Ordine, Guilherme Campos, Gustavo Campos, Luciano Dyballa
Baixos: Jorge Sá Martins, Ricardo Fraga, Roberto Fabri




Essa aventura em Tolosa foi uma experiência fundamental para nossa caminhada musical pela ambiguidade vivida nesse concurso: de um lado a excelente experiência musical vivida ao vermos outros coros, e nos excelentes concertos que fizemos; do outro a péssima recepção que tivemos pelo comitê artístico do evento. 



Iniciemos a história. A   AAMCANT, organizadora do concurso de La Plata, possuía um convênio com a fundação CIT-TOLOSA. Se um coro atingisse uma pontuação acima de 45 pontos, num máximo de 50 pontos, no concurso argentino, estaria automaticamente classificado para o próximo concurso de Tolosa. 




Até aquele momento, nenhum coro havia conseguido tamanha pontuação. Coube ao Boca ser o primeiro ao conseguir 46 pontos em 50. 









Naquele momento, o concurso espanhol passava por uma grande reformulação em seu comitê artístico, após a saída por doença, do importante maestro basco Javier Busto, um dos avaliadores do acordo La Plata/Tolosa. 






O novo presidente do comitê artístico não reconheceu o acordo, já que não tínhamos passado pelo seu "crivo musical", gerando uma grave crise entre o comitê organizador e o comitê artístico do evento. 











E o Boca que Usa teve de " ser engolido" pelo comitê artístico, após uma brilhante carta de Ricardo Denegri, diretor da AAMCANT, a Luiz Miguel Espinosa, Diretor executivo do concurso de Tolosa, que honrou seu acordo histórico com a associação coral argentina.


Em meio a esse impasse político, la estávamos nós, carregando em nossos ombros a obrigação de representarmos à altura a música brasileira e, num peso ainda maior, de representarmos a AAMCANT e, de certo modo, parte da música da Latino-América








Fomos muitíssimos bem recebidos pelo comitê organizador, mas duramente ignorados pelo comitê artístico, incluindo sua influência sobre parte da imprensa local. 









Um paradoxo que vivenciamos ao longo de toda a semana de eventos. 













Julia Seles já tinha se integrado ao grupo há meses.
Fizemos inúmeros concertos em importantes festivais internacionais em diversas cidades bascas que orbitavam em torno do concurso de Tolosa.









Sempre fomos agraciados com uma reação positiva impressionante das plateias e dos demais coros que sempre se surpreendiam com as músicas sul americanas, notadamente as brasileiras. 








Participamos dos festivais internacionais em diversos concertos como nas cidades históricas de Munguia, Zarautz, Tafalla, Pamplona e Ibarra. Em diversos teatros e, principalmente, em belíssimas catedrais medievais. Deixamos por lá uma ótima impressão.














Na parte competitiva, participamos, como todos os demais coros da categoria "grupo vocal" (pequenos coros), das modalidades "música religiosa" e "música profana". Em nossa autocrítica, fomos muito bem na parte religiosa. Já na parte profana, poderíamos ter ido melhor. 






Na véspera tivemos uma maratona de apresentações e chegamos a Tolosa por volta de 2 horas da manhã e deveríamos estar às 8:30 horas da manhã na igreja medieval do mosteiro de Santa Clara, prontos para a competição sacra. 




Tínhamos no mesmo dia as duas competições: a sacra pela manhã e a profana à tarde. De manhã mantivemos nossa concentração, mas à tarde, o coro se mostrava desenergizado, e rendemos menos que podíamos. Creio que isso pesou bastante na nossa performance final.







Mas essa era uma autocrítica e uma lição que levamos para os demais concursos. 





Sabíamos claramente que nossa participação ali era meramente coadjuvante, não só pelo entrave político que a presença compulsória do Boca Que Usa tinha gerado, como pela ainda pequena experiência que tínhamos em confrontos daquela envergadura. 




Tratamos de tirar o melhor proveito daquela experiência, vendo os grandes coros mundiais, observando as atitudes políticas que cercavam esses eventos, conhecendo novos repertórios e novas escolas de canto coral, como as asiáticas e as mais tradicionais das repúblicas bálticas e do leste europeu.


Mas, a maior parte do grupo já estava bastante consciente do que realmente aconteceria, e absorvemos muito bem essa experiência fundamental. Apesar dos tropeças, o caminho futuro para os concursos da Europa já estava traçado.




Infelizmente, no nosso retorno, cerca da metade do coro, por uma coincidência de problemas de ordem pessoal ou profissional, teve de deixar o grupo.




Tivemos de refazer lentamente nossos quadros, e a maior parte dos componentes que entrou ou retornou ao Boca, teve de aprender com nossos relatos, ou participando de outros concursos, o que a parte mais antiga do coro já tinha vivenciado.



Após o concurso basco, o "exército Bocaleone", em sua maioria, rumou junto para a França e depois retornou à Espanha. 













Passamos por Bodeaux, permanecemos uns dias em Paris, viajamos para a incrível região do Vale do Lot, em uma inesquecível experiência enológica, gastronômica e histórica. 




















Atravessamos juntos os Montes Pirineus e suas fantásticas paisagens perdidas nas montanhas de neve. 


Ficamos um tempo em Barcelona, curtindo o charme e a beleza arquitetônica da principal cidade catalã.


 Creio que, de algum modo, sentíamos que retornaríamos a Barcelona com o propósito de fazer música. Só não sabíamos que ela marcaria para sempre seu nome em nossa história "boquiana", alguns anos mais tarde.


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